Inocência é um romance regionalista brasileiro de Alfredo d'Escragnolle Taunay, dividido em 30 capítulos - que são introduzidos por uma citação - mais um epílogo.[1] Foi publicado em 1872 e retrata costumes, pessoas e ambientes do leste sul-matogrossense (sertão), notadamente a cidade de Paranaíba e a frente colonizadora dos Garcia Leal.[2]
Como o Romantismo estava em decadência na época em que a obra foi escrita, pode-se considerá-la de transição para o Naturalismo, devido a uma grande e infalível caracterização do homem como produto do meio, isto é, ele age de acordo com o tipo de vida que leva.[3]

Personagens
Protagonista
  • Inocência, moça sertaneja simples, carinhosa, meiga e bela. Está prometida a se casar com um homem escolhido pelo pai (Manecão), embora seja apaixonada por Cirino.
Personagens planos
  • Pereira, homem com comportamento rude e autoritário, conservador de costumes e morais das quais utiliza através de sua vida como sociedade patriarcal; pai de Inocência.
  • Cirino, moço de bom caráter que, caminhando pelo sertão, passava-se por médico utilizando seus conhecimentos farmacêuticos para ajudar as doenças das pessoas.
O romance passa-se em 1860, no Sertão de Santana do Paranaíba, onde Martinho dos Santos Pereira (Pereira) vive numa fazenda com sua filha Inocência de 18 anos. De comportamento autoritário, Pereira exige da filha uma obediência que a obrigue ser educada sob seu regime e longe do mundo. Pereira decide que a filha irá se casar com um homem criado no sertão bruto, Manecão, um negociante de gado com índole violenta. Um certo dia, Inocência ficou muito doente e o pai encontrou-se com um rapaz que caminhava pelo sertão e se dizia médico. Era Cirino, que iniciou Farmácia em Ouro Preto e concluiu estudos no colégio do Caraça. Cirino curou Inocência e imediatamente apaixonou-se.
Pereira convidou Cirino a ficar em sua casa e lhe arranjou alguns pacientes. Outro hóspede chega trazendo consigo um servo engraçado e uma carta do irmão de Pereira e permanece em sua casa. É o Dr. Meyer, naturalista alemão que embarcou no Brasil com o objetivo de encontrar novas espécies de insetos e caçar borboletas. Embora o anfitrião o tenha recebido normalmente, não compreendeu os elogios que o recém-chegado entregou para sua filha e começou a desconfiar dele.A idéia de que o personagem não compreendeu o comportamento natural do outro vem de: Gonzaga,
Tico, um anão mudo, é encarregado de vigiar Inocência a todo momento contra o Dr. Meyer, enquanto Pereira pede que Cirino continue em sua casa até o alemão ir embora para ajudá-lo na guarda da filha. Quando Cirino declara seu amor para a filha de Pereira, ela mostra-se também apaixonada e ambos encontram-se no laranjal às escondidas. Embora pensassem estar seguros, o casal não sabia que Tico, o guarda mudo de Inocência, estava a espreita vigiando-os. Quando questionada por Cirino sobre uma possível fuga que poderia realizar o amor dos dois, Inocência recusa-se com medo do que isso possa causar em seu pai e aconselha o rapaz a procurar apoio com Antônio Cesário.
Se Pereira não desconfiava de Cirino, ele sentiu-se ainda mais desconfiado e vigilante perante a figura de Meyer, que encontrou uma espécie de borboleta desconhecida e resolveu batizá-la com o nome de Inocência. Concluindo seus estudos, o cientista alemão vai embora e isso faz com que o pai da moça sertaneja retire suas suspeitas contra ele. Durante esse episódio, Cirino também está viajando para encontrar-se com Antônio Cesário. Sozinha, Inocência apanha do pai quando recusa-se a casar-se com Manecão que acaba de chegar em sua casa.
Pereira não entende a atitude da filha, mas sente-se indignado quando Tico o revela, através da mímica, que Cirino se encontrava com ela às escondidas enquanto ele desconfiava do Dr. Meyer e também revela que ele é um pseudo médico. Manecão, também raivoso, encontra-se com Cirino e assassina o rapaz. Mais tarde, a própria Inocência morre de tristeza por ter que se casar com Manecão.
O livro termina com Meyer recebendo uma grande homenagem na Alemanha por sua descoberta (fictícia): a Papilio Innocentia.

[editar] Fontes

Embora Inocência tenha sido publicada periodicamente em folhetins na forma de capítulos separados nos jornais diários e, por conta disso, Taunay sentiu-se obrigado a criar uma técnica moderna que modificou seu gênero romanesco, a obra possui um esquema de fábula amorosa que a vincula com alguns clássicos da literatura mundial.[4] Em resumo, essa fábula amorosa pode ser explicada como o casamento visto como resultado de jogo de interesses, a criação de um triângulo amoroso e um amor com empecilhos.
Pela igualdade de enredos, por exemplo, Inocência é muitas vezes associada a Romeu e Julieta de William Shakespeare e às vezes conhecida como "O Romeu e Julieta sertanejo", onde os dois personagens principais se amam mas possuem um amor impossível e, além de terminarem num final trágico, possuem a tentativa de ajuda de uma pessoa que deseja a realização amorosa de ambos (no caso de Inocência seria Antônio Cesário). Outras semelhanças encontradas pelos críticos é a situação de Inocência quando perde Cirino, que pode ser uma conexão com a personagem Teresa de Amor de Perdição, do português Camilo Castelo Branco.[4]
Os 30 capítulos de Inocência são introduzidos com alguma citação de algum nome clássico da literatura universal, e podemos dizer que eles foram importantes para a construção da obra de Taunay, visto que o narrador os associa ao capítulo. Alguns dos nomes citados são Goethe, Rousseau, Cervantes, Ovídio, Molière, Walter Scott, Eurípedes, até mesmo Shakespeare e muitos outros (ver seção...)

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